terça-feira, 21 de dezembro de 2010

cotidiano

Da varanda do meu quintal vejo um homem trabalhando sem tréguas para terminar o madeiramento de uma casa em construção numa corrida contra o tempo antes que cheguem as chuvas. Sob um sol escaldante aquele homem vai colocando as madeiras deixando o som das marteladas e da serra serem levados pelo vento que se espreguiça lentamente entre as árvores. Fico pensando, teria ele usado um protetor solar? Seria aquele boné suficiente para abrigar seu rosto? Sozinho ele continua seu trabalho sem se preocupar quantos dias faltam para o Natal, se vai ter peru, cabrito ou bacalhau na sua ceia, se vai receber um abraço, um bonus ou uma luz de esperança por dias melhores. No céu as nuvens se reúnem desenhando montanhas e dragões, ficando pesadas e, começando a correr vão assumindo a cor que antecede os temporais. Sem olhar para o alto o homem continua na sua tarefa e o telhado vai tomando forma para em seguida receber as telhas. Para aquele homem, o conceito de felicidade está em cumprir sua agenda de trabalho.

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