sexta-feira, 14 de outubro de 2011

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Dia do professor

Aos nove anos quando meu pai me perguntou o que eu queria ser quando fosse gente grande, respondi sem hesitar, quero ser professora.
Desde pequena eu já pensava em ter uma profissão. Minha primeira sala de aula ficava na curva da estrada de uma fazenda. Os alunos eram filhos dos colonos, tímidos e sujinhos pareciam bichinhos do mato, divididos em três níveis, do primeiro ao terceiro grau. Eu tinha que ser malabarista para dar conta de todos ao mesmo tempo. À noite alfabetizava adultos. Estava pondo à prova meus estudos de normalista em condições precárias, onde só venceria se realmente tivesse talento.
Nas reuniões dos professores eu tinha que apresentar o projeto das aulas que seriam dadas no mês. Nunca consegui cumprir na integra. Os alunos são imprevisíveis e temos que ter aquele jogo de cintura para ter o controle de uma classe mista. O começo da minha carreira foi uma luta sem tréguas. A recompensa chegou quando em dois anos consecutivos, a escolinha da fazenda recebeu o mérito do mais alto numero de aprovação do município.

Passaram os anos, fui levada pelos caminhos da vida sem permitir que meu sonho de ser professora fosse roubado de mim. Ensinando sempre, ensinando os filhos, as domésticas, os vizinhos, as amigas, foram aulas de tudo, até quando aos 60 anos me formei professora de inglês em Londres.
Agora sim, era tudo ou nada. Entrar numa sala de aula onde os alunos eram homens executivos, eu me sentia na arena de um circo, trabalhando com leões. Eu tinha que mantê-los sentados nos banquinhos ou eles me comeriam viva. O talento de ser professora estava sendo posto à prova.

Os desafios nos conduzem à criatividade e consequentemente ao sucesso.
Aos 80 anos ainda trabalho dando aula particular de inglês em minha casa.
Trabalho com amor e por amor. É o meu legado às novas gerações.
Ouço tantas falas do professor mal remunerado, mal reconhecido e até desprezado por uma sociedade que vê na profissão do professor a menos valorizada. Não conheço alunos estimulados a serem professores, esta parece ser a última opção a quem não passou num vestibular para ser doutor em qualquer área do conhecimento.

Num discurso do governador Mario Covas, aqui na minha cidade eu o ouvi contar que o imperador do Japão só se curvava diante de uma pessoa, o professor!
O melhor presente que um professor recebe neste que é seu dia é sem duvida o reconhecimento e o carinho de seus ex-alunos!

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