quinta-feira, 20 de outubro de 2011

artigo

Descendo a ladeira...

A vida é um eterno aprendizado. Nossos pais são os primeiros mestres, depois a escola, faculdade, mestrados e doutorados, cursos e orientação profissional e nunca estamos realmente prontos. As coisas simples do dia a dia têm suas dicas e o jeitinho certo para torná-las mais simples e mais fáceis. Sem negar que muitas vezes aprendemos sozinhos as mais duras lições e somando experiências vamos enriquecendo nosso próprio currículo sem nos dar conta do preço que pagamos.

Conferencistas, psicólogos, médicos e escritores fazem uso de suas áreas de conhecimento para nos orientar em todas as etapas da vida. No entanto nos falta um curso para aprender a envelhecer ajustando cada um a suas limitações de acordo com seu potencial de saúde física e mental.
A aposentadoria é uma faca cortando dos dois lados; se por um lado é o ápice na carreira de qualquer profissional é também o marco das mudanças de habito, a encruzilhada entre o não querer fazer nada e o desejo de continuar o caminho em outra direção.
Chegou a vez do tudo pode: dormir e acordar sem olhar para o relógio, dedicar-se a um hobby, dar-se ao luxo de viajar sem esperar por um feriado prolongado, vestir roupas casuais, não há mais porque se preocupar com o dia de amanhã.

E os avós lá vão para as academias, caminhadas, danças e esportes, happy hour com amigos numa padaria qualquer, uma soneca depois do almoço, um cantinho pra ler e ouvir musica... Mais que nunca se faz necessário investir em ser ativo, parar é começar a morrer. Um dos segredos da longevidade é motivar-se a dar um passo a mais em direção a um novo aprendizado beneficiando o cérebro e o coração.
Ao aceitar as limitações que a idade impõe, o velho deixa de ser chato e impertinente para se tornar um sábio!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

artigo

Dia do professor

Aos nove anos quando meu pai me perguntou o que eu queria ser quando fosse gente grande, respondi sem hesitar, quero ser professora.
Desde pequena eu já pensava em ter uma profissão. Minha primeira sala de aula ficava na curva da estrada de uma fazenda. Os alunos eram filhos dos colonos, tímidos e sujinhos pareciam bichinhos do mato, divididos em três níveis, do primeiro ao terceiro grau. Eu tinha que ser malabarista para dar conta de todos ao mesmo tempo. À noite alfabetizava adultos. Estava pondo à prova meus estudos de normalista em condições precárias, onde só venceria se realmente tivesse talento.
Nas reuniões dos professores eu tinha que apresentar o projeto das aulas que seriam dadas no mês. Nunca consegui cumprir na integra. Os alunos são imprevisíveis e temos que ter aquele jogo de cintura para ter o controle de uma classe mista. O começo da minha carreira foi uma luta sem tréguas. A recompensa chegou quando em dois anos consecutivos, a escolinha da fazenda recebeu o mérito do mais alto numero de aprovação do município.

Passaram os anos, fui levada pelos caminhos da vida sem permitir que meu sonho de ser professora fosse roubado de mim. Ensinando sempre, ensinando os filhos, as domésticas, os vizinhos, as amigas, foram aulas de tudo, até quando aos 60 anos me formei professora de inglês em Londres.
Agora sim, era tudo ou nada. Entrar numa sala de aula onde os alunos eram homens executivos, eu me sentia na arena de um circo, trabalhando com leões. Eu tinha que mantê-los sentados nos banquinhos ou eles me comeriam viva. O talento de ser professora estava sendo posto à prova.

Os desafios nos conduzem à criatividade e consequentemente ao sucesso.
Aos 80 anos ainda trabalho dando aula particular de inglês em minha casa.
Trabalho com amor e por amor. É o meu legado às novas gerações.
Ouço tantas falas do professor mal remunerado, mal reconhecido e até desprezado por uma sociedade que vê na profissão do professor a menos valorizada. Não conheço alunos estimulados a serem professores, esta parece ser a última opção a quem não passou num vestibular para ser doutor em qualquer área do conhecimento.

Num discurso do governador Mario Covas, aqui na minha cidade eu o ouvi contar que o imperador do Japão só se curvava diante de uma pessoa, o professor!
O melhor presente que um professor recebe neste que é seu dia é sem duvida o reconhecimento e o carinho de seus ex-alunos!