domingo, 19 de setembro de 2010

cotidiano

Arte de Cozinhar, Maria Thereza A. Costa
Este era o livro de receitas que minha sogra seguia quando queria nos surpreender com os mais deliciosos pratos. D. Anaitis era uma das poucas pessoas na época a possuir um livro de receitas culinárias. O livro, guardado a sete chaves, ninguém tinha acesso a ele. Passam os anos, minha sogra morre. Eu só queria aquele livro de receitas! Velho e amarelado, folhas soltas  e capa desbotada, sem que soubessem de seu valor, foi com certeza para o lixo. Outros livros o sucederam, mas nunca nenhum outro o superou em originalidade. Tivemos Dona Benta, Helena Sangirardi, e hoje há uma centena deles disputando seu lugar entre os mais vendidos.
O livro de Maria Thereza é primeiro livro best seller de receitas brasileiras. Eu o considero uma relíquia, um ícone em termos culinários. Há 100 anos  as receitas eram passadas de geração à geração, usando medidas e conselhos que eram uma comédia. Por exemplo: um punhado, uma pitada, um prato, uma garrafa disso ou daquilo.  O sal, a pimenta e outros temperos eram medidos ao gosto de cada um. Falava-se do tempo de cozimento de galinhas caipira, fogo brando, caldos gordos e magros  e caldos pra dietas. Ensinava como matar aves e caças, cortar e depois prepará-los para  cozer, assar ou à caçarola. Tudo era feito em fogão de lenha.
Ao receber o convite para tomar um chá em casa de D. Duse Ometto, provando deliciosas bolachinhas, lembrei das receitas proibidas de minha sogra e veio à tona de nossa conversa o mencionado  livro de receitas. Num ato de gentileza, D. Duse, dizendo que possuia o cobiçado livro, vai buscá-lo, também envelhecido e amarelado, escreve uma dedicatória e  me oferece como lembrança pela tarde agradável que tivemos.
A vida dá voltas e voltas...




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